09/08/2010

RECEITA DE ALFABETIZAÇÃO

Ingredientes:
1 criança de 6 anos
1 uniforme escolar
1 sala de aula decorada
1 cartilha

Preparo: Pegue a criança de 6 anos, limpe bem, lave e enxágüe com cuidado. Enfie a criança dentro do uniforme e coloque-a sentadinha na sala de aula (decorada com motivos infantis). Nas oito primeiras semanas, sirva como alimentação exercícios de prontidão. Na nona semana ponha a cartilha nas mãos da criança.Atenção: tome cuidado para que ela não se contamine com o contato de livros, jornais, revistas e outros materiais impressos.Abra bem a boca da criança e faça com que engula as vogais. Depois de digeridas as vogais, mande-a mastigar uma a uma as palavras da cartilha. Cada palavra deve ser mastigada no mínimo sessenta vezes. Se houver dificuldade para engolir, separe as palavras em pedacinhos. Mantenha a criança em banho-maria durante quatro meses, fazendo exercícios de cópia. Em seguida, faça com que a criança engula algumas frases inteiras. Mexa com cuidado para não embolar. Ao fim do oitavo mês, espete a criança com um palito, ou melhor, aplique uma prova de leitura e verifique se ela devolve pelo menos 70% das palavras e frases engolidas.Se isso acontecer: Considere a criança alfabetizada. Enrole-a num bonito papel de presente e despache-a para a série seguinte.Se isso não acontecer: Se a criança não devolver o que lhe foi dado para engolir, recomece a receita desde o início, isto é, volte aos exercícios de prontidão. Repita a receita quantas vezes for necessário. Se não der resultado, ao fim de três anos enrole a criança em um papel pardo coloque um rótulo: “aluno renitente”.

Alfabetização sem receita

Pegue uma criança de seis anos ou mais, no estado em que estiver, suja ou limpa. Utilize a sala de aula ou algum lugar onde existam muitas coisas escritas para olhar, manusear e examinar. Ofereça jornais, gibis, revistas, embalagens, anúncios publicitários, latas de óleo vazias, caixas de sabão, sacolas de supermercado, enfim tudo o que estiver desafiando o seu aluno para pensar sobre a função social da escrita. Convide a criança para brincar e ler, adivinhando o que está escrito. Você vai descobrir que ela sabe muita coisa! Converse com a criança, troque idéias sobre quem são vocês e as coisas de que gostam ou não. Depois escreva no quadro algumas coisas que foram ditas e leia para ela. Peça à criança que olhe as coisas escritas que existem por aí, nas ruas, nas lojas, na televisão. Escreva algumas dessas coisas no quadro. Deixe a criança cortar revistas, jornais, contendo letras, palavras e frases. Não esqueça de pedir para a criança ajudar na limpeza da sala, pois é preciso colaborar para manter um ambiente agradável para todos. Todos os dias compartilhe: historinhas, poesia, notícia de jornal, anedota, letra de música, adivinhação, convite, mostre numa nota fiscal algo que você comprou, procure um nome na lista telefônica. Mostre também algumas coisas escritas que talvez a criança não conheça: dicionário, telegrama, carta, livro de receitas. Desafie a criança a pensar sobre a escrita e pense você também. Quando a criança estiver tentando escrever, deixe-a perguntar ou ajudar o colega. Aceite a escrita da criança. Não se apavore se a criança estiver “comendo” letras. Até hoje, não houve caso de “indigestão alfabética”.
Invente sua própria cartilha, selecione palavras e textos interessante, que façam parte da realidade da criança.
Use a capacidade de observação, sua experiência e sua imaginação para ensinar a ler. Leia e estude sempre e muito.

(Adaptado de: CARVALHO, Marilene. Alfabetização sem receita e receita sem alfabetização.
Centro de Aperfeiçoamento de Profissionais da Educação, Ano IV, jan/fev.1994; Cíntia Cocuzzi, 2010)
Fonte: http://djanira-magalhaes.blogspot.com/; http://miguelitoeducacao.blogspot.com; http://cintiacocuzzi.blogspot.com