27/11/2010

RELATÓRIO INDIVIDUAL

Para que o Relatório avalie e descreva com propriedade as conquistas do aluno, o acompanhamento diário precisa acontecer. Observar e anotar a postura da criança diante de uma atividade, conflitos, evoluções, etc , ilustram o trabalho desenvolvido pelo professor e a capacidade de organizar suas ideias.


Nome fictício: Bruna
Idade aproximada: 2 anos


"... Eles não sabem, nem sonham que o sonho
comanda a vida. Que sempre que um homem
sonha, o mundo pula e avança como uma
bola colorida entre as mãos de uma criança”.

Antonio Gedeão


Bruna retornou das férias tranquilamente, retomando com facilidade a convivência com as crianças do grupo, comigo e com a Manuela.
Quando chega, desce do colo do João do transporte ou da mamãe, interagindo com todos. Bruna manipula todos os objetos. Escolhe um canto e brinca com seus amigos, fica na companhia da Joana, Leandra e da Tamires. É independente ao criar suas brincadeiras. " Vamos brincar de casinha?" " Tamires pega a boneca!" , organiza com facilidade o lugar e os brinquedos que serão utilizados. As bonecas, os cobertores e as panelinhas ainda fazem parte do seu repertório de brincadeiras. O brincar é uma atividade sociocultural e origina-se nos valores, hábitos e normas de uma determinada comunidade ou grupo social. Experimentar o mundo e interpretar, significa compreender de maneira ativa as suas vivências.
A comunicação oral e gestual é constante neste grupo, algumas crianças verbalizam pequenas palavras, frases ou apenas gesticulam. Na sala, Bruna pede: "Cíntia, quero a bolinha de sabão! Vou fazer bolinhas!" Suas frases possuem clareza e transmissão de ideias. A cada dia nos surpreende com sua iniciativa e segurança ao relatar as situações do dia a dia. Nesse processo, estimulamos a fala a partir destas situações, nomeando brinquedos, brincadeiras, nome dos amigos, dos professores, além da criar momentos de diálogo constante nas rodas de conversa: “Onde você foi passear com o papai e a mamãe? O que faz esse brinquedo? Qual será a fruta de hoje no lanche? Qual o bicho que mora na floresta?” O diálogo precisa ser vivenciado em casa, valorizando ideias e consolidando novas aprendizagens.
Bruna reconhece e nomeia os animais: "Bruna, vamos pegar cachorro?" Complementa: "au, au, cachorro" imitando o som e pegando o brinquedo. Assim para os demais animais; porco, a vaca, etc.
Interage nas brincadeiras, histórias e principalmente nas canções que utilizamos durante a “roda". Cumprimenta: "Boa Tarde!", quando pergunto que música você quer cantar? Fala: " O Rato". Com o microfone na mão sobe na caixa e imita a ratinha.
Quando quer algo e não é atendida prontamente pode se jogar no chão, como forma de protesto, então converso com ela, dizendo que não precisa chorar para conseguir o que quer. Apenas falar o que está sentindo: " Bruna, quando você se acalmar conversaremos!" Nesse momento demora um pouco para recompor-se, mas na maioria das vezes fica calma e fala: " Quero a chupeta" Assim complemento: " Desta forma podemos conversar, mas você sabe que a chupeta é para dormir, você quer dormir?", responde: " Não", então pergunto: " O que vamos fazer?", pensa um pouco e fala: "brincar!". Nesse diálogo Bruna consegue compreender de forma ativa como agimos diante de um conflito.
Durante as atividades livres na varanda, sala ou Vila, Bruna acabou mordendo alguns dos seus amigos. Às vezes por um conflito, outras vezes, sem nenhum motivo aparente.

"...É preciso considerar que para a criança a mordida não é uma arma, como seria para um adulto. É antes, uma forma de expressão. Desde que o bebê nasce, é pela boca que ele percebe o mundo. Não apenas pelo ato de sucção e das mamadas, mas pelo choro, pelo riso, pelo balbuciar. À medida que cresce e com o surgimento dos dentes, esse processo continua, e morder também passa a ser uma forma de interagir com o mundo, de perceber a consistência de um objeto e também de provocar reações. Portanto, para compreender as mordidas, é necessário levar em conta o contexto em que ocorrem. Geralmente, estão associadas ao sentimento de contrariedade, de frustração, de ansiedade, de raiva, de ciúmes, de busca de atenção. No entanto, é necessário mostrar à criança que o que ela faz provoca dor, machuca. E, além disso, ensinar que existem outras formas de expressar seus sentimentos. ".
(Ana Maria Mello e Telma Vitória)

Percebemos que no fim do semestre a Bruna deixou aos poucos de utilizar este recurso.
Quando brincamos em grupo, Bruna sente dificuldade em emprestar seus brinquedos. Segundo Rosely Sayão as primeiras relações das crianças são sustentadas pelo afeto, nada mais coerente do que convidá-las a olhar para outros de quem gostam a fim de saber do que eles precisam ou pedem e que a criança tem condições de atender. Perguntar à criança se ela pode imaginar o quanto o irmão ou o colega ficaria alegre caso ela emprestasse algo seu ou o ajudasse no que precisa é dar a oportunidade à de se dirigir ao outro sem se sentir prejudicada.
Nesse semestre também começamos o seu desfralde. Bruna passou por esse processo com tranquilidade. Em alguns momentos ainda faz xixi na calça, pois não quer parar de brincar para ir ao banheiro, que é considerado normal nessa faixa etária, no entanto, mostrou-se pronta para este novo desafio. Parabéns!
Bruna desloca-se com segurança nos ambientes da escola. Sobe, desce, empurra, engatinha e pula com facilidade. Equilibra-se no banco e completa os circuitos com independência. Bruna desce pelo escorregador sem auxílio e utiliza a motoca com destreza. O balanço com certeza é o brinquedo que prioriza nas suas idas à Vila, Me chama para balançar, dizendo: "Cíntia, balança bem alto!!". A experiência corporal, de acordo com Baecker (2001) abre acesso para que a criança possa aprender conceitos e ações; desenvolver sua independência, consciência própria e individualidade. "…Nestas experiências o (corpo) abre-se a possibilidade também de fomentar a curiosidade, a busca do novo (novos conceitos).
Mostra-se envolvida nos jogos corporais. Na brincadeira: "Meus pintinhos venham cá!", as crianças viram pintinhos e ficam na parede aguardando o comando. Do outro lado, fica a Mãe galinha que protege os filhotes da raposa, então cantamos: “meus pintinhos venham cá!”. As crianças respondem: “não, não, não, temos medo da raposa”, complemento: " pode vir que eu lhes protejo!” Entusiasmadas falam: " fala um nome então!”. No auge da brincadeira falo: “pintinho Bruna!”, nesse momento Bruna vem ao meu encontro, pois a raposa pode pegá-la, seu entusiasmo é demonstrado por meio de sorrisos. O comando (regra) é determinante para o sucesso da brincadeira. Nesse sentido, aguardar para ser chamado, ouvir o seu nome ou dos colegas, respeitar a vez do próximo, ultrapassar a curiosidade ou o medo da raposa são conquistas surpreendentes para essa faixa etária.
Alguns jogos e brincadeiras também envolveram o reconhecimento do próprio corpo. Como na brincadeira: “Na boca do forno, forno, esquentando o bolo, bolo, farão tudo o que seu mestre mandar, faremos: Mexendo os braços! Imitando um macaco! Uma cobra! Pulando com um sapo! Vamos para a sala de gatinho?”, ou então, encostados na parede cantamos: “ O caranguejo anda para trás, os outros bichos andam para frente, e a gente? “Para frente para trás para o lado, para o outro, com os pés a gente faz o que quiser”. Bruna realiza com intensidade todos os gestos e movimentos.

“A progressiva independência na realização das mais diversas ações, embora não garanta a autonomia, é a condição necessária para seu desenvolvimento”
(Referencial Curricular para Educação Infantil)


O local da escola mais apreciado pelo grupo definitivamente é a areia. O tênis muitas vezes nem precisa de auxílio para ser retirado. A alegria é contagiante! Bruna mostra-se envolvida, enche o balde de areia e faz bolinhos, gosta de ajudar outros amigos, enchedo e auxíliando na construção de outros bolos. Ao montar o bolo, não hesita em colocar uma folha em cima (vela) para cantar parabéns.
Na roda de conversa quando escondo a foto do amigo, Bruna aventura-se ao reconhecer o seu nome e dos amigos, muitas vezes conseguiu realizar a leitura da imagem. Quando falo: " Começa com a letra B , logo complementa: " Bruna!"
No refeitório fica empolgada quando entrega os pratos para seus colegas. No início do ano descascávamos as bananas, hoje, cada criança descasca sozinha, ampliando sua independência e desenvolvendo a coordenação motora fina. Bruna já consegue descascar sem auxílio. Alimenta-se bem nas suas refeições, come pães, bolachas, a sopa e as frutas.
Bruna aprecia os momentos da história, fica atenta a cada detalhe. Na biblioteca pega um livro e senta numa almofada. Observa e folheia, mostrando-se concentrada.
Nas atividades de artes, Bruna explora os materiais que lhe são oferecidos fica por muito tempo realizando o movimento. Distribui a pintura por toda a folha, utilizando o pincel ou brocha. Desenhou sobre diferentes suportes: lixa, camurça, canson, sulfite branco e colorido, no chão, com carvão, enfim, experimentou e mostrou-se interessada e envolvida nas diferentes sensações. Gosta de lavar as mãos sozinha, por diversas vezes noto que está brincando com a água. Segundo o referencial curricular da Educação Infantil, é assim que, por meio do desenho, a criança cria e recria individualmente formas expressivas, integrando percepção, imaginação, reflexão e sensibilidade, que podem então ser apropriadas pelas leituras simbólicas de outras crianças e adultos.
Bruna participou da confecção do “livro de música”, reconheceu as cores: azul, verde, preto e amarelo, durante as pinturas do seu livro.
No projeto do folclore, participou da confecção da Cuca, do Saci e do Boitatá. Bruna amassou o jornal, pintou o rolinho de papel higiênico para montar o saci e confeccionou o grande Boitatá.
Plantou na sala o feijão e cultivou o boneco ecológico. As transformações do meio ambiente, com certeza aguçaram a imaginação dos nossos pequenos. As crianças também conheceram um pouco sobre a biografia e a obra: O Peixe, do pintor Romero Brito. Montaram o seu próprio painel. Quando pergunto quem é o pintor que está no nosso mural, Bruna responde: “Romelo Bito".
Pintou a nossa árvore de natal, confeccionando os enfeites. Mostrou-se independente ao colocá-los na árvore. Aponta para a árvore e fala: " Natal, Natal".
Seus avanços neste semestre foram surpreendentes. A vontade de aprender e de relacionar-se foi realizada intensamente. Estar presente em suas conquistas foi muito gratificante. Tenho certeza que a cada dia novos caminhos serão trilhados por você.

Cíntia 

07/09/2010

Reunião de Pais - Texto reflexivo

Já usei esse texto nas reuniões de pais. A reflexão é muito
positiva e com certeza fará diferença na sua pauta.
Se o contexto for a liberdade em que os pais
precisam dar aos seus filhos, para que assim eles
possam aprender, ousar e criar novos conhecimentos,
esse documento poderá contemplar os objetivos pertinentes
da sua reunião.

Bom Trabalho!


O GIRASSOL E O MIOSÓTIS
O girassol é flor raçuda,
que enfrenta até a mais violenta intempérie
e acaba sobrevivendo.
Ela quer luz e espaço e em busca desses
objetivos, seu corpo se contorse o dia inteiro.
O girassol aprendeu a viver com o sol
e por isso é forte.

Já o miosótis é plantinha linda,
mas que exige muito mais cuidado.
Gosta mais de estufa.
O girassol se vira... e como se vira!
O miosótis quando se vira, vira errado.
Precisa de atenção redobrada.
Há filhos girassóis e filhos miosótis.
Os primeiros resistem a qualquer crise:
descobrem um jeito de viver bem, sem ajuda.
As mães chegam a reclamar da independência
desses meninos e meninas, tal a sua capacidade
de enfrentar problemas e sair-se bem.

Por outro lado, há filhos e filhas miosótis,
que sempre precisam de atenção.
Todo cuidado é pouco diante deles.
Reagem desmesuradamente, melindram-se,
são mais egoístas que os demais, ou às vezes,
mais generosos e ao mesmo tempo tímidos,
caladões, encurralados.
Eles estão sempre precisando de cuidados.

O papel dos Pais é o mesmo do jardineiro
que sabe das necessidades de cada flor,
incentiva ou poda na hora certa.

De qualquer modo fique atento.

Não abandone demais os seus girassóis
porque eles também precisam de carinho...
e não proteja demais os seus miosótis.

As rédeas permanecem com vocês...
mas também a tesoura e o regador.

Não negue, mas não dêem tudo que querem:
a falta e o excesso de cuidados matam a planta...


Autoria de José Fernandes de Oliveira

09/08/2010

RECEITA DE ALFABETIZAÇÃO

Ingredientes:
1 criança de 6 anos
1 uniforme escolar
1 sala de aula decorada
1 cartilha

Preparo: Pegue a criança de 6 anos, limpe bem, lave e enxágüe com cuidado. Enfie a criança dentro do uniforme e coloque-a sentadinha na sala de aula (decorada com motivos infantis). Nas oito primeiras semanas, sirva como alimentação exercícios de prontidão. Na nona semana ponha a cartilha nas mãos da criança.Atenção: tome cuidado para que ela não se contamine com o contato de livros, jornais, revistas e outros materiais impressos.Abra bem a boca da criança e faça com que engula as vogais. Depois de digeridas as vogais, mande-a mastigar uma a uma as palavras da cartilha. Cada palavra deve ser mastigada no mínimo sessenta vezes. Se houver dificuldade para engolir, separe as palavras em pedacinhos. Mantenha a criança em banho-maria durante quatro meses, fazendo exercícios de cópia. Em seguida, faça com que a criança engula algumas frases inteiras. Mexa com cuidado para não embolar. Ao fim do oitavo mês, espete a criança com um palito, ou melhor, aplique uma prova de leitura e verifique se ela devolve pelo menos 70% das palavras e frases engolidas.Se isso acontecer: Considere a criança alfabetizada. Enrole-a num bonito papel de presente e despache-a para a série seguinte.Se isso não acontecer: Se a criança não devolver o que lhe foi dado para engolir, recomece a receita desde o início, isto é, volte aos exercícios de prontidão. Repita a receita quantas vezes for necessário. Se não der resultado, ao fim de três anos enrole a criança em um papel pardo coloque um rótulo: “aluno renitente”.

Alfabetização sem receita

Pegue uma criança de seis anos ou mais, no estado em que estiver, suja ou limpa. Utilize a sala de aula ou algum lugar onde existam muitas coisas escritas para olhar, manusear e examinar. Ofereça jornais, gibis, revistas, embalagens, anúncios publicitários, latas de óleo vazias, caixas de sabão, sacolas de supermercado, enfim tudo o que estiver desafiando o seu aluno para pensar sobre a função social da escrita. Convide a criança para brincar e ler, adivinhando o que está escrito. Você vai descobrir que ela sabe muita coisa! Converse com a criança, troque idéias sobre quem são vocês e as coisas de que gostam ou não. Depois escreva no quadro algumas coisas que foram ditas e leia para ela. Peça à criança que olhe as coisas escritas que existem por aí, nas ruas, nas lojas, na televisão. Escreva algumas dessas coisas no quadro. Deixe a criança cortar revistas, jornais, contendo letras, palavras e frases. Não esqueça de pedir para a criança ajudar na limpeza da sala, pois é preciso colaborar para manter um ambiente agradável para todos. Todos os dias compartilhe: historinhas, poesia, notícia de jornal, anedota, letra de música, adivinhação, convite, mostre numa nota fiscal algo que você comprou, procure um nome na lista telefônica. Mostre também algumas coisas escritas que talvez a criança não conheça: dicionário, telegrama, carta, livro de receitas. Desafie a criança a pensar sobre a escrita e pense você também. Quando a criança estiver tentando escrever, deixe-a perguntar ou ajudar o colega. Aceite a escrita da criança. Não se apavore se a criança estiver “comendo” letras. Até hoje, não houve caso de “indigestão alfabética”.
Invente sua própria cartilha, selecione palavras e textos interessante, que façam parte da realidade da criança.
Use a capacidade de observação, sua experiência e sua imaginação para ensinar a ler. Leia e estude sempre e muito.

(Adaptado de: CARVALHO, Marilene. Alfabetização sem receita e receita sem alfabetização.
Centro de Aperfeiçoamento de Profissionais da Educação, Ano IV, jan/fev.1994; Cíntia Cocuzzi, 2010)
Fonte: http://djanira-magalhaes.blogspot.com/; http://miguelitoeducacao.blogspot.com; http://cintiacocuzzi.blogspot.com


03/06/2010

Dica do Circuito Infantil de Teatro

No Teatro Alfa – Sala B – o espetáculo O Bobo do Rei, livremente inspirado em Rei Lear, de William Shakespeare. Nesta nova montagem da Cia. Vagalum Tum Tum, os elementos trágicos originais de Rei Lear são substituídos pela graça e poesia do Palhaço, o que a torna extremamente interessante para as crianças e os adultos.



26/05/2010

Quem deu um salto no escuro?

"Seis de cada dez crianças brasileiras estudam segundo os dogmas do construtivismo, um sistema adotado por países com os piores indicadores de ensino do mundo."
Marcelo Bortoloti


Quem iria imaginar que uma revista conceituada como a Veja São Paulo colocaria nas bancas uma matéria sem critérios, sem referências concretas e que induz o leitor leigo a desacreditar na vivência construtivista. Parece que em nosso país não temos corrupção, pessoas discutindo no trânsito, vagas de idosos desrespeitadas, lixo na rua, etc. E olha só...Fomos educados no método tradicional. Então pergunto: O que ganhamos com essa postura tradicional, já que o conformismo e o consumismo é a nova tendência deste século?


Deixo aqui o meu protesto e a carta enviada para revista Veja.

Por Consuelo Leão
Ao Senhor Diretor de Redação VEJA,

Meu nome é Edna Consuelo Leão, sou pedagoga e atuo na educação há 20 anos.

Chamou-me muito a atenção a matéria sobre o construtivismo “Salto no escuro” na edição de 12 de maio de 2010, especialmente pela emissão de juízos de valor. Entendo o jornalismo como uma ferramenta importantíssima para a reflexão crítica, contudo a matéria condena, de forma amadora e desprovida de argumentos reais, uma teoria séria e que nada tem a ver com o laissez-faire apresentado. A condução do texto é tendenciosa.

No trecho: “Ninguém sabe ao certo como o construtivismo funciona” é apresentado, na minha opinião, um cenário real, infelizmente, entretanto a referida matéria traz tantos equívocos que certamente não contribui para a mudança dessa realidade.

Creio que uma das questões mais tristes que nós, pedagogos, nos deparamos é que parece que todo mundo entende sobre a aprendizagem e educação escolar, todos possuem concepções - em geral infundadas – e todos opinam apresentando-se como conhecedores do assunto... Questiono-me se teriam o mesmo problema os médicos, engenheiros, jornalistas, advogados?

De fato, é necessário que as famílias, antes de escolherem a instituição que matricularão seu filho, conheçam a concepção filosófica que a escola adota, e por isso, o papel da mídia é de valor inestimável. Dessa forma, lamento imensamente a publicação da matéria que apresenta conceitos desconhecedores da proposta construtivista como nas transcrições a seguir: “pois, afinal, cabe aos próprios alunos definir com base em sua realidade o que querem aprender.” Ou ainda: “As aulas construtivistas caem no vazio e privam o aluno de conteúdos relevantes.” Também: “...repetição do contato visual...” referindo-se à alfabetização. Lamentável! Nada disso é verdade!

Na Finlândia, país que consecutivamente teve a melhor nota no PISA, tem por base epistemológica a teoria construtivista, exemplo desconsiderado nessa matéria que aponta o construtivismo como um sistema adotado por países com os piores indicadores de ensino.

Tenho estudado o construtivismo há 10 anos, fiz dois cursos de Pós-Graduação no tema referido e, ainda, julgo-me uma simples aprendiz no assunto, entretanto, certamente eu poderia contribuir muito para que questões primárias como as apresentadas na matéria fossem evitadas.

Desejo que minha carta ofereça ao senhor a oportunidade de repensar sobre o merecido respeito que nós, educadores construtivistas, merecemos.

Mais protestos:

Luis Nassif, professor da USP e estudioso do construtivismo

20/05/2010

Relatório de Grupo...Por onde começar?



Quando comecei escrever meus relatórios não sabia muito por onde começar. Só a experiência com a turma não basta. Na minha opinião o professor precisa de orientação juntamente com a coordenação da escola, através do estudo sobre o tema. Segue abaixo minhas reflexões sobre o trabalho desenvolvido com crianças de 1 a 2 anos de idade.



RELATÓRIO DO GRUPO

A curiosidade, a independência e as descobertas estiveram presentes no dia-a-dia da turma do G1. Nestas oportunidades cada criança construiu seus vínculos afetivos e estabeleceram formas de relacionar-se.
A adaptação foi um período de aprendizagem para a família, a escola e as crianças, pois juntos descobrimos sobre o convívio, novas rotinas e exploração dos ambientes. Para muitas crianças do G1 essa foi à primeira vivência em um ambiente escolar, por isso a família teve um papel fundamental neste processo: “Olha que legal essa brincadeira! Vamos dar a mão para a Cíntia! Depois eu volto para te buscar!”. Quando este desafio é ultrapassado de forma tranquila e prazerosa, certamente a criança terá boas referências para as próximas relações. Assim, com dedicação, acolhimento e muita aprendizagem, demos o pontapé inicial para vivenciar novas conquistas.
Dividimos o nosso tempo em diversos momentos (atividades de exploração, roda de conversa, atividades individuais, coletivas, atividades em cantos, atividades externas na Vila, Quadra, Varanda, Pátio Coberto, Biblioteca e Sala de Música).
A chegada das crianças na sala é marcada pela exploração dos brinquedos. Juntos ou separados, cada criança tem a oportunidade de escolha.
A roda inicial é fundamental para que as crianças verbalizem seus sentimentos de forma prazerosa e comecem a participar da rotina. A turma do G1 inicia o dia cantando, dançando e realizando gestos. Neste momento estão ampliando o repertório de cantigas e do vocabulário, além de socializar-se. Realizamos também os exercícios fonoarticulatórios através de bulbucios, de imitar os sons dos animais, barulhos da natureza: vento, mar, etc. Nessa imitação as crianças desenvolvem o abrir e o fechar da boca e os movimentos com a língua que facilitam a articulação das palavras e o desenvolvimento da fala.
Utilizamos a plaquinha do nome para fazer a chamada, através da cantiga: “Se fosse um peixinho e soubesse nadar eu tirava...do fundo do mar”. Além de conhecer o seu nome, as crianças começam a identificar os nomes dos colegas. É neste processo que entramos em contato com a escrita de forma contextualizada.
Na sala, são organizados cantinhos com bonecas, livros, blocos de montar, casa das bolinhas, etc. Esses momentos de exploração são vivenciados com grande independência. Inicialmente as crianças andavam pela sala fazendo o reconhecimento daquele novo espaço, depois começaram a passar pelo túnel, jogando as bolas para cima e para fora da casinha. No canto das bonecas cantamos as canções: “ Buá, Buá bebê já vai chorar, Uê, Uê não sei o que ele quer? Ele quer mamar, ele quer papa, ele que naná, acho que ele quer brincar...” da educadora e compositora Margareth Arezzo e a canção:“O que é que tem na sopa do neném....” dos compositores Paulo Tatit e Sandra Peres. As crianças demonstraram entusiasmo ao acompanhar as músicas, verbalizando algumas palavras e gestos, além de vivenciar o faz de conta.
No canto dos blocos de encaixe montamos aviões e carros para aguçar a imaginação e a criatividade. No início algumas crianças colocavam as peças na boca, que é considerado normal nessa fase do desenvolvimento, pois ainda é a forma presente de perceber o mundo, no entanto, algumas crianças já conseguem encaixar as peças, assim descobrem novos brinquedos e avançam em suas hipóteses.
Confeccionamos brinquedos com caixas, latas, e potes. As crianças empilharam, puxaram e descobriram sons com chocalhos de sucata. O interesse do grupo foi intenso.
No pátio coberto a turma do G1 mostrou-se entusiasmado em correr e cantar a canção: “Bum, bum, bum, meu bumbum eu vou bater, bum, bum, bum pra brincar e correr”. É contagiante vivenciar cada olhar de alegria.

“...Ao brincar, a criança busca imitar, imaginar, representar e comunicar...”“...Por meio da repetição daquilo que já conhecem, através da imitação diferida, atualizam seus conhecimentos prévios para compreendê-los e ampliá-los...”.
Gisela Wajskop

As crianças dessa faixa etária começaram a andar a pouco tempo e o trabalho motor é fundamental para que o grupo consiga explorar o ambiente de forma segura. Diversas experiências motoras são trabalhadas, como: engatinhar, rastejar, balançar, rolar, pular, andar, saltar, subir e descer de várias formas. Nestas atividades além do desenvolvimento da coordenação motora, as crianças buscam estratégias para resolver problemas, como esperar sua vez para ir no balanço, trocar de motoca ou aguardar sua vez para descer no escorregador. Muitos ainda não verbalizam de forma clara, no entanto, são estimulados a falar sobre agrados e desagrados.
Junto a família estamos coletando informações para o nosso livro de recordações que será finalizado no final do segundo semestre. A casinha da família também aproxima este convívio, proporcionando a criança uma imagem positiva de si, além de “alimentar” sua autoestima. Observar e participar deste processo também amplia os laços afetivos.
O G1 B é formado por crianças que demonstram no olhar a capacidade de aprender e de trocar com o outro.
Cada degrau ultrapassado sem apoio, cada palavra ou frase dita ao acaso, cada sorriso e abraço apertado, cada descoberta, demonstra que tais conquistas e aprendizagens estão apenas começando.

Cíntia 

Referencial Teórico
Reflexão sobre os Relatórios de Avaliação - Telma Vinha
Avaliação na Pré-escola - Jussara Hoffmann



18/01/2010

Olhar do futuro

Se há uma criatura que tenha necessidade de formar e manter constantemente firme uma personalidade segura e complexa, essa é o professor.

Destinado a pôr-se em contato com a infância e a adolescência, nas suas mais várias e incoerentes modalidades, tendo de compreender as inquietações da criança e do jovem, para bem os orientar e satisfazer sua vida, deve ser também um contínuo aperfeiçoamento, uma concentração permanente de energias que sirvam de base e assegurem a sua possibilidade, variando sobre si mesmo, chegar a apreender cada fenômeno circunstante, conciliando todos os desacordos aparentes, todas as variações humanas nessa visão total indispensável aos educadores.

É, certamente, uma grande obra chegar a consolidar-se numa personalidade assim. Ser ao mesmo tempo um resultado — como todos somos — da época, do meio, da família, com características próprias, enérgicas, pessoais, e poder ser o que é cada aluno, descer à sua alma, feita de mil complexidades, também, para se poder pôr em contato com ela, e estimular-lhe o poder vital e a capacidade de evolução.

E ter o coração para se emocionar diante de cada temperamento.

E ter imaginação para sugerir.

E ter conhecimentos para enriquecer os caminhos transitados.

E saber ir e vir em redor desse mistério que existe em cada criatura, fornecendo-lhe cores luminosas para se definir, vibratilidades ardentes para se manifestar, força profunda para se erguer até o máximo, sem vacilações nem perigos. Saber ser poeta para inspirar. Quando a mocidade procura um rumo para a sua vida, leva consigo, no mais íntimo do peito, um exemplo guardado, que lhe serve de ideal.

Quantas vezes, entre esse ideal e o professor, se abrem enormes precipícios, de onde se originam os mais tristes desenganos e as dúvidas mais dolorosas!

Como seria admirável se o professor pudesse ser tão perfeito que constituísse, ele mesmo, o exemplo amado de seus alunos!

E, depois de ter vivido diante dos seus olhos, dirigindo uma classe, pudesse morar para sempre na sua vida, orientando-a e fortalecendo-a com a inesgotável fecundidade da sua recordação.

Qualidades do Professor, Texto de Cecília Meireles, extraído do livro Crônicas de Educação 3

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11/01/2010

Receita de Ano Novo

"Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem que merecê-lo.
Tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre."

Carlos Drummond de Andrade

Iceberg? Essa é pra pensar!

08/01/2010

Férias...Eba!



Quando falamos em férias pensamos em muitas coisas ao mesmo tempo: diversão, descanso, família, etc.
Nada melhor do que viajar ou ficar por aqui curtindo essa preguiça.
Pra pais, tios, padrinhos e aqueles que curtem uma bagunça com a criançada o site http://www.omo.com.br/ (guia de atividades) traz diversas opções para ajudar na escolha do passeio.

É isso ai!
Boas Férias!